“Fui apresentado ao queijo em 1964 , mesmo nascendo em 1972, quando meu pai, Guy Tôrres (in memoriam), comprou a Fazenda Água Quente, no Município de Sacramento-MG, do Sr. Abelardo Leite (avô da Marly do Senzala).” É assim que o produtor Edmar Tôrres descreve seus primeiros passos junto ao queijo.
“Conheço queijo desde que nasci. Sou natural de BH, porém, morei com minha mãe e irmãs na Escola Agrotécnica Federal de Bambuí, uma vez que os recursos da capital eram infinitamente maiores do que no interior.” conta Edmar
Nasci e me criei na Faz. Escola Agrotécnica Federal de Bambuí , local eu tinha contato com o queijo. Quando íamos com o meu pai em expedição para o Chapadão (como meu pai chamava a Faz. Água Quente), tínhamos que atravessar a Canastra inteira para chegarmos. Fazíamos o percurso em uma “Rural Willys” laranja e branca, chamada por meu pai de “Fogosa”. Se hoje em dia é difícil atravessar a Canastra em modernos 4×4, imagine em 1980.
Depois dessas epopeias, que eram as viagens para o Chapadão da Zagaia, a cidade de Bambuí entrou na Microrregião da Serra da Canastra pelo estudo e chancela do IPHAN. Eu, como médio para pequeno produtor rural, que sofria como “suvaco de aleijado”, vi a oportunidade de fazer queijo em Bambuí e chamá-lo de Queijo Canastra.
E foi assim que começou minha própria epopeia para fazer um queijo de excelência em Bambuí, há exatamente 650m de altitude, e poder chamá-lo de queijo Canastra.
Foi um tempo de muita luta, muitos desafios, muito investimento financeiro, mesmo sendo totalmente espremido pelo sistema. Não foi uma tarefa fácil, mas com o apoio da Aprocan, principalmente da Sra. Valéria, eu consegui fazer o Queijo Da Santa, que hoje é do meu sobrinho Filipe Samir Tôrres Campos.
A fazenda de Edmar fica no Chapadão da Zagaia, posição Norte da Serra da Canastra, a 1.100 m de altitude, no município de Sacramento – MG. A fazenda faz divisa com o Parque Nacional da Serra da Canastra, e está localizada na Bacia do Rio Araguari, carinhosamente chamado, perto de sua nascente, de Rio das Velhas. O Rio Araguari faz parte da bacia do Ria Paranaíba, que por sua vez, faz parte do Rio Paraná, e sendo este pertencente ao Rio da Prata.
O gado conta raças “de tudo quanto é jeito possível” e são tratadas nas águas a pasto e na seca silagem de milho. Eles produzem 400L de leite por dia que são usados na produção dos tradicionais queijos Canastra, o carro chefe da queijaria.
Hoje, Edmar conta com o apoio de dois parceiros na produção do queijo: o casal que “literalmente, põe a mão na massa”, Jean Carlos e Ana Cristina. Eles são responsáveis pela ordenha e produção do queijo. Já Edmar, fica com a tarefa de curar o queijo.
“Não gosto de elogiar o que faço, mas dizem que a propaganda é a Alma do Negócio. O “Queijo Da Santa” ganhou medalha de bronze no Mundial da França em 2019, quando a luta para colocá-lo de pé ainda era muito grande. Na época eu era o responsável pela produção e por tratar as vacas, na verdade, fazia de tudo um pouco. Agora, com mais experiência, estou novamente e literalmente no Ringue da Vida “na luta”, ao lado dos meus parceiros com o Queijo Chapadão da Zagaia, que já nasceu com medalha de prata no último Mundial do Queijo do Brasil em 2024.”